10.Crescimento do PIB do Brasil (média anual): FHC: 2,44%; Lula, 4,05% e Dilma, 2,13%

20/07/2015 | Brasil 1994/2014

Os números sobre o crescimento da economia brasileira e mundial desmentem categoricamente os argumentos dos tucanos e de seus economistas. Dizem que o Brasil cresceu mais nos governos do PT, especialmente no governo Lula, como mero reflexo de uma melhor situação da economia mundial. Não é bem assim, como veremos a seguir. 

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O Brasil com os tucanos fracassou na economia 

É correto analisar o crescimento de cada país levando-se em conta a situação internacional. No governo FHC, o Brasil cresceu, em média, 2,44% ao ano, contra um crescimento da economia mundial de 3,50%. Ou seja, com FHC, o Brasil cresceu o equivalente a 70%% da média mundial. Os economistas tucanos debitam o baixo crescimento aos reflexos do mundo no Brasil, mas como vimos a economia mundial, com média anual de 3,5% ao ano, cresceu muito próximo dos índices dos anos do governo Lula. 

Com Lula, o crescimento médio por ano da economia brasileira acelerou para 4,05% ao ano contra um crescimento da economia mundial de 4,18%. Isto significa que nosso país cresceu, no governo Lula, 97% da média mundial. Se acelerou o crescimento em relação à economia mundial foi porque Lula, além dos bons ventos vindos do mundo, criou o que chamamos de um mercado interno de massas, que funcionou também como um importante vetor do crescimento da economia brasileira durante oito anos.  

No governo Dilma, a economia brasileira passou por um processo de desaceleração. Cresceu, em média, 2,13% ao ano, contra um crescimento médio da economia mundial de 3,53%. Com Dilma, portanto, a economia brasileira cresceu 60% da média mundial, mas é preciso ressaltar que a taxa de desemprego caiu, a renda da população subiu e a pobreza também reduziu bastante. Ou seja, se com Dilma o crescimento da economia brasileira foi similar a do governo FHC, os índices sociais foram muito melhores. 

Com o PT, crescimento da economia teve conteúdo histórico

Nos governos do PT, o crescimento da economia teve um conteúdo que marcará a história brasileira. Diversos impasses históricos, que minaram o crescimento da economia no passado, foram enfrentados de forma séria. Primeiro: o Brasil cresceu com uma forte redução da vulnerabilidade externa, que no passado quebrou o nosso país diversas vezes, com a constituição de um volume de reservas internacionais de US$ 370 bilhões. Segundo: o Brasil cresceu distribuindo renda, colocando um fim na tese de que “o bolo tem que crescer primeiro para ser distribuído”, com a retirada de 43 milhões de brasileiros da pobreza e incorporação de 40 milhões de brasileiros à chamada “nova classe média”. Terceiro: o Brasil cresceu com o controle da inflação, não voltou a hiperinflação como previram a mídia e a oposição, sendo que os índices médios de inflação de 5,79% de Lula e 6,17% de Dilma, ainda que precisam ser reduzidos, são os menores dos últimos 50 anos na série histórica divulgada pelo IPEA. Quarto: o Brasil cresceu nos governos do PT com um processo histórico de forte desendividamento, sendo que a dívida total líquida (dívida bruta menos os ativos do governo) recuou de 60% para 34% do PIB. Quinto: não se pode esquecer que o Brasil cresceu aprofundando a sua democracia, ao contrário do passado onde crescemos muito mas com regimes ditatoriais e autoritários. 

Muitos destes indicadores estão passando por um enorme teste no início do segundo governo Dilma. A vulnerabilidade externa da economia aumentou  com o balanço de transações correntes apresentando déficit próximo de 4% do PIB, devido, principalmente, à forte desaceleração de nossas exportações. A inflação está muito pressionada e poderá atingir 10% anualizada, devido ao forte reajuste dos preços administrados e ao regime de chuvas. As contas públicas vêm apresentando déficit nominal elevado, devido à desaceleração da economia e ao aumento expressivo da taxa de juros, a Selic. Sem o crescimento da economia e das receitas públicas, o governo vem tendo dificuldade de sustentar as políticas de distribuição de renda e de geração de empregos. Os segmentos que deveriam liderar o crescimento da economia no segundo governo Dilma estão com sérios problemas, devido à operação Lava Jato, que enfraqueceu o setor de petróleo e gás, liderado pela Petrobras, e as concessões de infraestrutura, lideradas pelas grandes empreiteiras; e, no mercado externo, a China, o principal parceiro do Brasil, enfrenta dificuldades crescentes em sua economia. 

A oposição e a mídia criticam Dilma por um suposto “estelionato eleitoral”, por não ter revelado ao Brasil estes enormes desafios. Se a economia não está tão sólida como dizia Dilma, ela, muito menos, está no “caos e quebrada” como afirma a oposição. A principal linha de defesa de nossa economia são as reservas de US$ 370 bilhões em dólares; nossa dívida pública está sob controle, sendo os problemas podem e devem ser solucionados com uma forte redução dos juros; a inflação, passada a aceleração dos preços administrados, voltará para próximo do centro da meta; o câmbio mais competitivo poderá melhorar o desempenho das contas externas; está garantido o abastecimento de energia elétrica com a melhoria no regime de chuvas; temos um grande mercado interno de massas. Mas é preciso superar a crise política para a economia voltar a crescer. A oposição aposta no “quanto pior, melhor” porque, como representante do capital financeiro, quanto maior é a crise mais os rentistas ganharão dinheiro com a taxa de juros elevada.   

Autoria: A série “Brasil 1994/2014” é de autoria de José Prata Araújo, economista mineiro. Veja outros posts da série no site www.mariliacampos.com.br, seção “Brasil 1994/2014”.
 
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