8.Classe C: FHC, 65,9 milhões de pessoas; Lula e Dilma, 118 milhões de pessoas

22/07/2015 | Brasil 1994/2014

Marcelo Neri, da Fundação Getúlio Vargas, é um dos grandes especialistas na questão da inclusão social no Brasil. Na tabela abaixo, ele estimou que em 2014 a chamada Nova Classe Média teria 118 milhões de pessoas, contra apenas 65,9 milhões de pessoas no governo Fernando Henrique. Se confirmadas as projeções de Marcelo Neri, os governos Lula e Dilma terão incorporado à classe média 52 milhões de brasileiros. Mesmo os dados já fechados de 2011 indicam um número significativo de 39,5 milhões de brasileiros que ascenderam para a classe média.  

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Marcelo Neri, em artigo publicado na imprensa e em diversos blogs, afirmou: “As pirâmides sintetizam para o conjunto do país aspectos passados e prospectivos da transição do povo brasileiro entre classes. A altura se refere ao tamanho da população. Se o Brasil continuar numa trajetória de crescimento com redução de desigualdade teremos em 2014 cerca de 118 milhões de pessoas na classe C (renda familiar mensal acima de R$ 1.750 – ajustada pela POF) e 29,1 milhões nas classes AB (acima de R$ 7.500) em comparação com 65,8 milhões e 13,3 milhões, respectivamente, em 2003”. (...) “Isto significa que no período 2004-14, 52,1 milhões de pessoas entrarão na classe C e outros 15,7 milhões nas classes AB. Perfazendo um total de 67,8 milhões, mais do que a população do Reino Unido de novos integrantes de classes ABC”. (...) “De 2004 a 2014, apesar do crescimento populacional, a população absoluta das classes DE diminuirá em 47,3 milhões, caindo a quase metade dos contingentes iniciais”.

Marcelo Neri conclui: “O período 2004 a 2014 no passo do passado e das projeções será uma grande década, fruto do tripé de sustentação crescimento com aceleração do emprego formal e redução de desigualdade. Será a década da nova classe média brasileira”.

Classe C é fruto da reabilitação da carteira de trabalho

Os técnicos da Fundação Getúlio Vargas, coordenados pelo economista Marcelo Cortês Neri, afirmam que a emergência da nova classe média está ligada à volta e revigoração da carteira do trabalho: “O que é ser classe C? Comprar computador, celular, carro ou casa financiada, contrair crédito em geral e produtivo em particular, virar conta-própria ou empregador, contribuir para previdência complementar, colégio privado para os filhos. Se sairmos daquelas iniciadas com C temos ainda diploma universitário, plano de saúde, seguro de vida. Mas de todas essas alternativas, a volta da carteira de trabalho, talvez seja o elemento simbólico e substancialmente mais representativo de ressurgimento de uma nova classe média brasileira. Em outros países como a Índia ser classe média é aspirar montar um negócio, no Brasil é conseguir um emprego com carteira que dá direito a previdência social e a uma série de benefícios indiretos compulsórios ou voluntários (vale-transporte, ticket refeição, crédito consignado, etc.), mas acima de tudo a estabilidade da renda (FGTS, seguro-desemprego e multa por demissão). Esta aspiração pela carteira de trabalho tem raízes históricas e culturais fortes em nosso país”. 

Como se vê, os tucanos, por ignorância ou cegueira ideológica, parecem não compreender o Brasil. Continuam com o discurso de que Lula e Dilma são presidentes assistencialistas e que não emanciparam a população pobre. Lula e Dilma, como afirma o texto, estão viabilizando, através da carteira de trabalho, considerada símbolo dinossauro da era Vargas pelos neoliberais, a inclusão no mercado de massas de milhões de brasileiros e brasileiras.

Autoria: A série “Brasil 1994/2014” é de autoria de José Prata Araújo, economista mineiro. Veja outros posts da série no site www.mariliacampos.com.br, seção “Brasil 1994/2014”. 

 

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