Brasil quebrado? Maior risco-país com o PT (517 pontos) é menor que o menor risco-país no governo FHC (521 pontos)

30/01/2016 | Economia

O Mandato da deputada Marília Campos vai dar grande destaque no próximo período ao debate dos grandes temas econômicos e sociais do Brasil. Não faremos um debate maniqueísta do “bem” contra o “mal”. Vamos apontar os enormes avanços do legado econômico e social dos governos do PT, as falhas cometidas e os desafios que estão colocados para manter o crescimento e a inclusão social no Brasil. Não aceitamos que a oposição, especialmente o PSDB, tente retirar da memória do nosso povo os avanços conquistados. O PSDB já governou o Brasil por oito anos e precisa ajustar contas com suas políticas econômicas e sociais que não foram bem sucedidas. 

A oposição tenta convencer a população de que o Brasil “está quebrado”. Neste artigo, vamos abordar o risco-país, que expressa a confiança do mundo na economia brasileira. E os números são impressionantes, mesmo considerando a má vontade das agências de risco com os governos de esquerda, como os do PT. Mesmo assim, como pode ser visto na tabela  abaixo, o maior risco-país nos governos do PT foi no ano passado, em 2015, quando fechou em 517 pontos. O PSDB se apresenta como o exemplo de credibilidade e confiança na área econômica, mas nos oito anos de governo FHC o menor risco-país, foi, em 1997, de 521 pontos. Como se vê, o maior risco-país no governo do PT (517 pontos) é menor que o menor risco país no governo do PSDB (521 pontos). 

É inegável que o Brasil, no governo Dilma Rousseff, enfrenta enormes dificuldades na economia, como o desequilíbrio fiscal, inflação muito pressionada, recessão e aumento do desemprego. Mas o Brasil, ao contrário do que diz a oposição e a grande mídia, não está quebrado nem vai quebrar. Sob os governos do PT, criamos algumas âncoras fundamentais ao crescimento econômico. Dois exemplos. Primeiro: temos reservas em dólares de US$ 368,807 bilhões, o que equivale pelo câmbio atual a R$ 1,507 trilhão, que evita ataques especulativos, de grande magnitude, contra o nosso país. O Brasil constituiu, nos governos do PT, um grande mercado interno, o que deverá sustentar a economia brasileira em um cenário onde a China está deixando de ser a locomotiva dos países emergentes com sua enorme capacidade importadora. A China, como o Brasil, está priorizando agora o seu mercado interno.

tab_11.jpg

O que é o risco-país? 

Informa o Portal UOL: “Risco-país é um indicador utilizado para orientar os investidores estrangeiros a respeito da situação financeira de um mercado emergente. Precisamente, o risco-país é denominado EMBI+ (Emerging Markets Bond Index Plus), sendo calculado por bancos de investimento e agências de classificação de risco. Tal termo foi criado pelo banco J.P.Morgan, em 1992, para poder orientar seus clientes sobre o direcionamento de seus investimentos, evitando aqueles países em que o risco de ocorrer uma crise financeira é maior”.(...) “Para calcular o índice, os bancos levam em conta vários fatores, como o nível do déficit fiscal, o crescimento da economia, a relação entre arrecadação e a dívida de um país, as turbulências políticas, etc. Em outras palavras, o risco-país mostra a sobretaxa que um investidor está correndo o risco de pagar em relação ao rendimento dos papéis da economia americana, uma vez que esta é considerada a mais solvente do mundo”.

O UOL concluiu: “O índice é calculado em pontos básicos, onde cada ponto corresponde 0,01 ponto percentual de prêmio acima do rendimento dos papéis da dívida dos EUA. Se o risco-país do Brasil for 200, por exemplo, isso significa que os estrangeiros “merecem” um prêmio de 2 pontos percentuais de rendimento acima do que paga um igual papel americano”.(...) “Ter um EMBI+ com altos pontos pode significar a repulsão de investimentos estrangeiros em um país, provocando grandes prejuízos na economia, uma vez que estes investimentos são essenciais para o desenvolvimento dos mercados emergentes”. (UOL - Economia - Brasil Escola)

O risco-país nos governos do PT e do PSDB

Como pode ser visto na tabela, o risco-país no governo FHC foi alto, devido à irresponsabilidade fiscal e ao maior endividamento da história brasileira; à dolarização da dívida pública e às três falências do Brasil e tantas outras mazelas nas finanças públicas. O risco-país, no final de 2002, término do governo FHC, fechou em 1.446 pontos-base, depois de atingir o recorde histórico no final de setembro daquele ano com 2.436 pontos-base. 

Os tucanos debitam a disparada do risco-país, em 2002, ao que chamaram “risco-Lula”. Mentira. Logo após as eleições de 1998 e em parte de 1999, com a crise dos asiáticos e da Rússia, primeiros meses do segundo governo FHC, o Risco-Brasil sempre esteve acima de 1.000 pontos-base.  Em 2001, com a crise da Argentina, o risco-país fechou em 863 pontos, mas ficou também parte do ano acima de 1.000 pontos-base. Nos governos Lula e Dilma, em épocas de eleição, em 2006, 2010, e 2014, o risco-país ficou na faixa de 200 pontos. O maior nível deste indicador nos governos petistas foi em 517 pontos-base, em 2015, abaixo do menor indicador de FHC de 521 pontos, em 1997. 

Reservas em dólares atingem US$ 368,807 bilhões, ou R$ 1,507 trilhão

A principal âncora da economia brasileira é as reservas em dólares, que, segundo os últimos dados divulgados para o início de 2016, eram de aproximadamente US$ 369 bilhões, o que equivalia, em reais, no câmbio do mês, a R$ 1,507 trilhão. A economia brasileira passa por enormes dificuldades, mas um país que tem reservas desta magnitude não corre o risco de quebrar, como aconteceu inúmeras vezes no passado, com o governo tendo que recorrer ao FMI, que passava a ditar, de fora, os rumos da política econômica. 

Um país, quando tem uma crise cambial, vive uma situação caótica em sua economia. Faltam dólares para que o país pague as suas importações; as indústrias, que dependem de componentes importados param, por falta de peças e matérias primas; as pessoas suspendem as suas viagens ao exterior; e o país entra em moratória por não conseguir honrar os seus compromissos externos. Por isso mesmo, quase sempre, os governos nacionais aceitam a tutela de organismos internacionais – como é o exemplo mais recente da Grécia – para evitarem o caos econômico. 

O governo FHC, mesmo com todas as gentilezas oferecidas aos grandes capitalistas internacionais – taxa de juros de até 45% ao ano, privatizações selvagens com venda de empresas a preço de banana, dolarização de grande parte da dívida interna, dentre outras barbaridades - nunca conseguiu acumular reservas expressivas em dólares. Elas eram de apenas US$ 37,823 bilhões no final de 2002. Seu valor líquido era ainda menor, de US$ 17 bilhões, sem os empréstimos do FMI. Foi por não possuir uma posição robusta nas reservas em dólares que o Brasil enfrentou três crises cambiais com FHC, em 1997/1998, na crise asiática e russa; em 2001, na crise da Argentina; e em 2002, quando o terrorismo tucano/pefelista destroçou a credibilidade do Brasil. Foram crises de pequena intensidade e que não serão mais que notas de pé de página na história econômica, tendo o Brasil recorrido ao FMI e aceito suas políticas recessivas e privatistas. Foram nestes três anos, que as monumentais taxas de juros fizeram explodir a dívida pública brasileira.  

Nos governos Lula e Dilma, para blindar a nossa economia contra as crises externas de grande magnitude, o Brasil conseguiu acumular reservas em dólares como nunca antes nesse país. No final do governo Lula, em 2010, as reservas internacionais em dólares eram de US$ 288,575 bilhões, e, no governo Dilma,  em janeiro de 2016, elas atingiram a marca de US$ 369 bilhões. Com isso, crises de grande magnitude como a de 2008/2009 e a crise mais recente que se propagou a partir da desaceleração da China, encontraram uma economia mais robusta aos abalos na economia internacional. Com isso, Lula e Dilma não tiveram que recorrer ao FMI e a organismos financeiros internacionais, como aconteceu inúmeras vezes no passado.

dolars_(1).jpg