Entrevista concedida ao Jornal O Tempo Contagem - 17 de junho de 2016
Deputada estadual critica decisão do PT
Ela saiu da Prefeitura de Contagem com mais de 80% de aprovação popular e é o cabo eleitoral dos sonhos de qualquer candidato ao Palácio do Registro. Em entrevista a O Tempo Contagem, a deputada estadual Marília Campos reafirma que não vai se candidatar novamente à Prefeitura, explica que não vai apoiar a reeleição do prefeito Carlin Moura e afirma que o vereador Irineu é a melhor opção para Contagem porque ele tem o compromisso de resgatar o legado que ela deixou. Veja a entrevista completa de Marília:
O Tempo Contagem: No dia 22 de maio, o PT Contagem decidiu que vai apoiar a candidatura à reeleição do prefeito Carlin Moura. A senhora vai acatar essa orientação?
Marília Campos: Não vou apoiar a reeleição de Carlin Moura. A relação de Carlin em Contagem sempre foi de ruptura com o PT. Quando disputei a reeleição em 2008, eles romperam e lançaram candidatura de oposição a mim. Depois vieram participar do governo e em 2012 novamente romperam e lançaram candidatura contra o PT. Quando assumiu a Prefeitura, Carlin passou a colocar a culpa de seus erros em nós e ao mesmo tempo se apropriou de obras e investimentos do nosso governo sem dar o devido crédito. Várias políticas públicas retrocederam e eles fizeram tudo para desconstruir o nosso legado. E me trataram com hostilidade e como adversária a ser derrotada. Jamais se preocuparam em construir uma frente de esquerda em Contagem. Quando decidiu aderir ao governo Carlin, o PT aceitou ser sublegenda do PCdoB, abriu mão do papel de protagonista. Não me sinto representada pela decisão do PT Contagem e não vou apoiar Carlin.
O Tempo Contagem: Existem boatos de que a senhora vai deixar o PT. É verdade?
Marília Campos: Minha trajetória política está associada ao PT. Não pretendo deixar o partido. E me coloquei à disposição inclusive para disputar o Senado em 2018, quando estive reunida com a direção estadual e deixei clara a minha posição sobre as eleições em Contagem. Aliás, é com o PT estadual que eu me relaciono. Participo das reuniões da executiva e do diretório estadual. Como deputada, participo também da Frente Brasil Popular, junto com outros colegas da bancada. Estive presente nos atos contra o golpe. E defendo o governo Fernando Pimentel na Assembleia. Tenho críticas ao PT e acredito que vivemos um momento que requer autocrítica dos petistas. O PT precisa ser repensado. Será bom para o petismo e para a democracia brasileira, porque o saldo da existência do PT e dos governos Lula e Dilma é largamente positivo.
O Tempo Contagem: Existe alguma possibilidade de a senhora vir a ser candidata a prefeita?
Marília Campos: Fiz uma plenária do mandato em fevereiro deste ano e comuniquei oficialmente que não seria candidata. Expliquei as razões para ter chegado a essa decisão. Creio que dei minha contribuição para a cidade cumprindo dois mandatos como prefeita. Tenho orgulho de ter finalizado a gestão com mais de 80% de aprovação. Quero cumprir, e bem, o mandato de deputada estadual. Procuro contribuir com Contagem de outras formas. Destinei R$3 milhões em emendas parlamentares para o funcionamento da maternidade municipal para ajudar a melhorar a saúde. E acompanho de perto a vida da cidade onde moro com minha família. Entendo o carinho das pessoas que pedem minha volta, mas peço que elas entendam e respeitem a minha decisão.
O Tempo Contagem: Em fevereiro, a senhora também defendeu a formação de uma Frente Ampla de Oposição ao governo Carlin. Como está este movimento?
Marília Campos: Naquele momento, o PT ainda não tinha definido se teria ou não candidato próprio. Eu defendi que o partido deixasse o governo, apresentasse um nome e que esse nome fosse apreciado junto com outros, na formação de uma Frente de Oposição ao governo Carlin. O PT ignorou essa proposta e decidiu sepultar a candidatura própria. Nós, que defendemos uma posição de independência no primeiro ano de governo, fomos vencidos em 2015, quando foi decidida a adesão à atual gestão. Um erro na minha avaliação. Já outras lideranças da cidade, com as quais conversei, demonstraram interesse em somar forças com a proposta da Frente, mas estão aguardando o momento certo para fazer este movimento. Quem de imediato incorporou a proposta foram os vereadores Irineu e Rodinei...
O Tempo Contagem: A senhora participou de alguns eventos da pré-campanha de Irineu e Rodinei. Agora estão dizendo que não irá mais apoiar o Irineu por causa da decisão do PT. Como fica essa situação?
Marília Campos: Eu tenho defendido que o Irineu é o melhor candidato a prefeito de Contagem e que ele representa uma mudança para melhor. Eu e Irineu fomos parceiros quando fui prefeita e ele era presidente da Câmara Municipal. Muitos projetos importantes para a cidade foram aprovados pela Câmara e essa foi uma ajuda fundamental para a nossa gestão. Irineu tem o compromisso de resgatar o legado que deixamos para a cidade. Ele tem a experiência legislativa e de secretário municipal de Administração. Diz que vai governar para todos e todas, com transparência, com ética, prestando contas para a população. E que vai reduzir o tamanho da máquina pública para que ela seja mais eficiente e sobre mais recursos para aplicar em saúde, educação e segurança, por exemplo. Isso significa repensar a estrutura administrativa, cortar cargos comissionados, governar com responsabilidade e austeridade. Infelizmente, a decisão do PT cria restrições para o meu apoio, que não poderá ser dado formalmente, por exemplo nos programas de TV do candidato Irineu. Mas fico honrada que ele se disponha a resgatar bandeiras que consideramos necessários para colocar a Prefeitura de Contagem a serviço da maioria população e não apenas de uma minoria como acontece hoje.