Fernando Haddad mostra fôlego e lidera as pesquisas em São Paulo na classe média e na juventude

03/11/2015 | Política

O Datafolha acaba de divulgar uma pesquisa para a eleição de prefeito de São Paulo, em 2016. Celso Russomano lidera, com 34% dos votos; seguido de José Luiz Datena e Marta Suplicy, com 13% cada um; Fernando Haddad, com 12% e os dois candidatos do PSDB testados – João Dória Jr e Andrea Matarazzo -, ficam com 3% e 4%, respectivamente. Como veremos a seguir, Fernando Haddad surpreende por mostrar força na classe média e na juventude. 

Fernando Brito, do blog Tijolaço, relembra as eleições de 2012 para a Prefeitura de São Paulo: “Meses antes das eleições municipais em São Paulo, em 2012, quando tudo era um mar de rosas para o PT, Fernando Haddad, seu candidato, patinava entre 7 e 8% das intenções de voto nas pesquisas. José Serra liderava e  Celso Russomano,  já em ascensão, lhe tomaria o lugar. Todo mundo sabe o que se passou”.

Brito destaca os dados que favorecem Fernando Haddad: “Agora, quem se impressiona com a leitura dos jornais, juraria que Haddad estaria eleitoralmente ‘morto’, restrito a ‘bolsões’ petistas, sem votos na classe média. E que a ‘massa cheirosa’ estaria em peso com os tucanos, adonada de São Paulo depois de lotar a Avenida Paulista com as marchas do ‘Fora, Dilma’. A crer nos números do Datafolha, a conversa é outra. Russomano repete o espetáculo de 2012, partindo na frente como o ‘coelho’ numa corrida de atletismo. Empatados, Haddad, José Luiz Datena e Marta Suplicy. Na rabeira, longe, os ‘coxinhas’ assumidos: Andrea Matarazzo e João Dória Júnior. Nada demais, até aí, tudo dentro do previsível. As surpresas começam quando se estratificam os resultados. Haddad chega a 23% entre os eleitores com renda acima de 10 salários-mínimos. Seus resultados melhoram, também, entre os mais jovens: 19% entre os de 16 a 24 anos  e 15% entre os de 25  a 34 anos, bem à frente de seus adversários diretos. Dois indicadores da maior importância, porque indicam seu potencial de crescimento entre os formadores de opinião e os formadores de mobilização. Não precisa ser marqueteiro para enxergar que o mote de sua campanha será algo na linha do ‘São Paulo mais jovem’, o que mesmo os mais velhos gostariam de ser, ver e viver”.

Fernando Brito conclui dizendo que Lula será fundamental para reconquistar o apoio da periferia paulista: “O problema de Haddad? Os eleitores pobres, da periferia, onde o ‘recall’ de Marta Suplicy ainda fala alto e lhe dá os únicos índices significativos na disputa: 19% entre os com renda menor que dois salários mínimos e 17% entre os de grau de escolaridade fundamental, ou menor. Já deu para entender porque – ao contrário do que aconteceu entre os segmentos mais mobilizados – não se partiu para um ataque frontal a ela? A reconstrução de Haddad e a desconstrução de Marta, nestas áreas do eleitorado tem um nome: Luís Inácio Lula da Silva. Quem tem tudo a temer nesta eleição é o PSDB. Dono do Governo do Estado, da mídia e da Avenida Paulista, vai ter de levar seus limpinhos e cheirosos para comer barro. Com Russomano e Datena parece estar-lhes fechada a área da exploração do ‘mundo-cão’. Aliás, o mundo-cão dos tucanos, em São Paulo e em toda parte, parece estar restrito aos pet-shops e aos bichon frise”.

Mauro Paulino, do Datafolha, também ressalta os desafios de Fernando Haddad: “Para a periferia, apenas fechar avenidas, construir ciclovias ou diminuir a velocidade nas ruas não é suficiente. Compreender demandas específicas desses bairros e aplicar políticas públicas adequadas, reduzindo a percepção de carência que seus moradores atribuem à gestão municipal, é fundamental. Foram os eleitores da periferia, com seu peso populacional e sua nova inserção na sociedade, que decidiram as últimas eleições. A um ano da próxima disputa, os adversários de Haddad mostram ter junto a esses eleitores maior potencial para a missão”.

A disputa em São Paulo é fundamental para o futuro do PT. Será um teste do partido na sua capacidade de se reconectar com os milhões de moradores das grandes cidades, com a classe média, a juventude e os moradores das periferias. E será também um desafio para preservar e consolidar uma das principais lideranças de uma nova geração petista – Fernando Haddad -, que possam assumir a linha de frente nas grandes disputas futuras, especialmente para os governos dos Estados e a  presidência da República. 

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