IBGE: Expectativa de vida ao nascer é de 75,2 anos; idosos vivem até 82 anos e são 30 mil com mais de 100 anos
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE divulgou recentemente a Tábua Completa de Mortalidade com a expectativa de vida dos brasileiros ao nascer e nas diversas idades, que serve para o cálculo do fator previdenciário na Previdência Social e fornece dados para a implementação de políticas públicas no país. Como veremos a seguir, a expectativa de vida ao nascer é, para ambos os sexos, de 75,2 anos; os idosos brasileiros vivem, em média, até os 82 anos e existem mais de 30 mil brasileiros com mais de 100 anos de idade.
Expectativa de vida ao nascer para ambos os sexos é de 75,2 anos
Segundo o IBGE, a expectativa de vida dos brasileiros aumentou de forma expressiva nas últimas décadas, devido, sobretudo, à importante redução da mortalidade infantil. Diz o IBGE: “No processo de transição demográfica brasileira destaca-se que, desde o século XIX até meados da década de 1940, o Brasil caracterizou-se pela prevalência de altas taxas de natalidade e de mortalidade, principalmente a mortalidade nos primeiros anos de vida. A partir desse período, com a incorporação às políticas de saúde pública dos avanços da medicina, particularmente os antibióticos recém-descobertos no combate as enfermidades infecto-contagiosas e importados no pós-guerra, o país experimentou uma primeira fase de sua transição demográfica, caracterizada pelo início da queda das taxas de mortalidade. Primeiramente, os grupos etários mais beneficiados com a diminuição da mortalidade, foram os das crianças menores de 5 anos de idade. Inicia-se assim, o processo de transição epidemiológica. O conjunto de causas de morte formado pelas doenças infecciosas, respiratórias e parasitárias, começa, paulatinamente, a perder importância frente a outro conjunto formado por doenças que se relacionam com a degeneração do organismo através do envelhecimento, como o câncer, problemas cardíacos, entre outros”.
O IBGE aponta os números do recuo da mortalidade infantil: “Em 1940, a taxa de mortalidade infantil era de aproximadamente 147 óbitos de crianças menores de 1 ano para cada 1.000 nascidos vivos, valor, bastante superior ao da mortalidade das crianças entre 1 e 4 anos de idade, 76,7 por mil. Já a taxa de mortalidade das crianças menores de 5 anos alcançava a cifra de 212 óbitos para cada 1.000 nascidos vivos, no regime de mortalidade vigente na época. Das crianças que vieram a falecer antes de completar os 5 anos de idade, 69,1% morreram antes de completar o primeiro ano de vida e 30,9% entre 1 a 4 anos. A partir de 1940, observa-se diminuições contínuas nestas taxas, a mortalidade infantil entre 1940 e 2014 apresentou declínio da ordem de 90,2% (de 147 para 14 óbitos para cada 1.000 nascidos vivos), enquanto a mortalidade entre 1 a 4 anos de idade a diminuição foi de 96,9% (de 77 para 2 óbitos para cada 1.000 nascidos vivos).
O IBGE aponta outras políticas que vem contribuindo na redução da mortalidade no Brasil: “Mais recentemente, diversas ações (não somente partidas das esferas governamentais) foram introduzidas com o propósito de reduzir tanto a mortalidade infantil como a mortalidade nas demais idades no Brasil: campanhas de vacinação em massa, atenção ao pré-natal, aleitamento materno, agentes comunitários de saúde, programas de nutrição infantil, entre outros. Outros fatores também contribuíram para a diminuição do nível da mortalidade: aumento da renda, aumento da escolaridade, aumento na proporção de domicílios com saneamento adequado, etc. A consequência imediata destas ações e fatores combinados foi a diminuição dos níveis de mortalidade e o consequente aumento na expectativa de vida dos brasileiros ao longo dos anos”.
Em 1940, a expectativa de vida ao nascer no Brasil era de apenas 45,5 anos; subiu 52,5 anos em 1960; acelerou para 69,8 anos em 2000; e atingiu, agora em 2014, 75,2 anos. Afirma o IBGE: “No início do processo de transição demográfica uma criança sujeita a lei de mortalidade da época, 1940, esperaria viver em média 45,5 anos. Se do sexo masculino, 42,9 anos e do sexo feminino, 48,3 anos. Para o ano de 2014, a expectativa de vida ao nascer que foi de 75,2 anos, significou um aumento de aproximadamente 29,7 anos para ambos os sexos frente aos indicadores observados em 1940, 28,7 anos para homens e 30,5 anos para mulheres. Todas as idades foram beneficiadas com a diminuição dos níveis de mortalidade, principalmente as idades mais jovens, onde se observa os maiores aumentos nas expectativas de vida e, como maior intensidade na população feminina”.
Portanto, quando falamos em expectativa de vida ao nascer de 75,2 anos, em 2014, precisamos esclarecer algumas coisas: a) trata-se de uma média para ambos os sexos, sendo maior para as mulheres, de 78,8 anos e menor para os homens, de 71,6 anos; b) esta diferença na expectativa de vida entre homens e mulheres se dá desde ao nascer, mas parte importante se deve à matança de nossos jovens na violência urbana, que são, principalmente, de sexo masculino; c) a expectativa de vida ao nascer, fortemente influenciada pela mortalidade infantil e pela violência urbana, é um número fundamental no planejamento de políticas públicas para melhorar a qualidade de vida da população, em particular aquelas para as crianças e para a juventude; d) já a expectativa de vida entre os idosos, a partir dos 60 anos, indica que eles viverão mais que a expectativa de vida ao nascer, como veremos a seguir.
Idosos brasileiros vivem, em média, até os 82 anos de idade
É muito comum no Brasil, em longas reportagens nos órgãos de imprensa – TV, Rádio, Jornais, etc –, que seja dito que a expectativa de vida ao nascer é aquela que vale também para os nossos idosos – pessoas com mais de 60 anos. Não é bem assim, e estes cálculos subtraem sete anos de vida, em média, dos idosos brasileiros. Nos estudos que divulgamos neste post, o IBGE informa que a expectativa de vida dos brasileiros aos 60 anos é, em média, de mais 22 anos, o que eleva para 82 anos a média de vida dos idosos brasileiros.
Assim como em todas as faixas de idade, as mulheres tem maior expectativa de vida do que os homens. Na chamada terceira idade também isto acontece. A idade média de vida do idoso brasileiro de 82 anos, quando discriminada por sexo apresenta os seguintes diferenças: mulheres vivem, em média, até os 83,6 anos e homens até os 80,1 anos. Estes são números médios, mas tem gente que vive muito mais que isso. Segundo dados do IBGE, temos no Brasil mais de 30 mil brasileiros com mais de 100 anos.
Como resultado da maior expectativa de vida, existem mais mulheres do que homens na população de 26 milhões de pessoas com mais de 60 anos de idade. Existem 3,2 milhões a mais de mulheres do que homens nesta faixa de idade. São 14,6 milhões de mulheres contra 11,4 milhões de homens.