Inacreditável! Jornalistas e economistas vinculados a bancos e mídia cobraram aumento dos juros. Banqueiros foram contra!
Que país é esse em que empregados são mais patronais que os próprios patrões? Foi o que aconteceu na discussão de janeiro sobre a taxa de juros definida pelo Banco Central. Grande parte dos jornalistas, economistas e parte da grande mídia vinculados aos bancos cobraram da diretoria do BC o aumento de 0.50 pontos percentuais na taxa Selic. Veja algumas destas opiniões depois da manutenção da taxa de juros pelo BC. Folha: “Banco Central mantém taxa Selic e agrada o governo”; Miriam Leitão: “Por mais que alguns bons economistas tenham dito que esta era a coisa certa a fazer, por causa da recessão, o BC ficou com o ônus de parecer hesitante, sem rumo e sem autonomia”; Carlos Alberto Sardenberg: “A independência do Banco Central foi deixada de lado”; William Waack: “A tática é alinhada a do governo que tem como a única preocupação se salvar do impeachment”.
Agora veja as posições dos dois principais bancos privados do país. Luiz Carlos Trabuco, presidente do Bradesco, em depoimento antes da decisão do Banco Central: “Não gostaria de opinar, mas observamos que a política monetária tem exercido seu papel no controle da inflação. A inflação ficou fora do patamar, em grande parte, pelo equacionamento dos preços administrados. O nível de atividade e o nível de demanda de crédito, como disse, estão muito baixos. Às vezes, você pode aumentar a taxa básica para esfriar a economia, mas ela já está fraca”; Octavio de Barros, economista do Bradesco: “Desde a palestra do Tombini no dia 10 de dezembro, na Febraban, os cenários global e doméstico se deterioraram enormemente. Mesmo o relatório de inflação deixa claro que o Copom poderia tomar a decisão quando e se julgar oportuno. Tenho, para mim, que a realidade acabou se impondo. Houve degradação forte nos últimos 35 a 40 dias”; Roberto Setúbal, presidente do Itaú Unibanco: “Acho que a decisão [de estabilidade] foi correta. Diante da situação toda da economia, do quadro de recessão deste ano, não haveria necessidade de subir a taxa de juros para que a inflação caísse. Eu vejo a inflação naturalmente caindo e chegando ao centro da meta por falta de demanda".
Repetimos: que país é este onde os “especialistas” do mercado financeiro, economistas e jornalistas, e a grande mídia em peso pedem mais juros e os patrões recusam o aumento da taxa Selic? Isto mostra claramente que as taxas de juros do Brasil estão fora do lugar. A dívida líquida pública subiu para 66% do PIB, mas não se compara nem de longe com o patamar de outros países muito endividados. A inflação brasileira é resultante basicamente do tarifaço de energia elétrica e de outros fatores sazonais, como no caso dos alimentos, que não será contida com mais juros. O Brasil gastou no ano passado R$ 501 bilhões de juros de sua dívida pública, valores que poderiam ser substancialmente mais baixos se tivéssemos uma ampla frente interessada em baixar os juros do Brasil.
Veja a seguir o ranking dos juros reais e nominais no mundo do Portal MoneYou e da Infinity Asset Management: