Luís Nassif: o principal homem-bomba não é Eduardo Cunha, mas Alexandre Tombini, do Banco Central

17/09/2015 | Economia

O blogueiro Luís Nassif afirma em seu mais recente artigo: “O perigo não tem a face adunca e sibilina de Eduardo Cunha. O perigo mora ao lado e tem a cara bonachona de Alexandre Tombini, o presidente do Banco Central”. 

Nassif afirma que nenhuma política econômica dará certo com a política monetária de Alexandre Tombini, onde o Brasil Central, na maior recessão dos últimos 20 anos, pratica juros reais de quase 10% (em artigo que publicamos esta semana citamos uma entrevista de um “conceituado especialista do mercado financeiro”, que afirma que o juro de equilíbrio é de 4% em termos reais). Nassif conclui seu artigo de forma taxativa: “É mais que evidente, é de uma obviedade assustadora e não há teoria que possa endossar, essa combinação de ajuste fiscal e política monetária extraordinariamente restritiva em uma quadra recessiva”.(...) “O governo não tem cacife político para segurar esse baque. Se tivesse, perderia porque a conta final não fecharia”.(...) “Ou seja, essa combinação é politicamente desastrosa, economicamente ruinosa e financeiramente inviável”.

Veja a íntegra do artigo de Luís Nassif a seguir. 

O perigo não é Cunha: é Tombini

Jornal GGN – 16/09/2015

O perigo não tem a face adunca e sibilina de Eduardo Cunha. O perigo mora ao lado e tem a cara bonachona de Alexandre Tombini, o presidente do Banco Central.

Vamos supor que o Congresso aprove o pacote fiscal de Dilma Rousseff, a base de apoio seja recomposta e os defensores do impeachment se acalmem.

Neste momento, a economia está rodando a quase -3%. Na melhor das hipóteses, o Banco Central manterá a Selic em 14,5%. Na pior das hipóteses, aumentará mais ainda. Segundo Alexandre Tombini, presidente do BC, em hipótese alguma o banco abandonará o objetivo de trazer a inflação para a meta ainda em 2016.

Ajuste fiscal, trancamento do crédito e taxa de juros em níveis especiais derrubarão mais ainda o PIB em 2016. No acumulado, há a possibilidade de queda do PIB de 5 a 6% em dois anos, derrubando mais que proporcionalmente as receitas fiscais.

Uma pequena operação aritmética - receita caindo 5% em dois anos, dívida aumentando 20% ao ano - é suficiente para saber que nada salvará o país do rebaixamento das agências de risco. E será o menor dos problemas que o governo enfrentará.

O perigo mora ao lado, no Banco Central, que adquiriu vida própria. A presidente não ousa chegar perto. E o Ministro da Fazenda Joaquim Levy está preso a um receituário ideológico. Ora, o que caracteriza os grandes Ministros da Fazenda é o pragmatismo, a capacidade de analisar os fatos e projetar os resultados. É mais que evidente, é de uma obviedade assustadora e não há teoria que possa endossar, essa combinação de ajuste fiscal e política monetária extraordinariamente restritiva em uma quadra recessiva.

O governo não tem cacife político para segurar esse baque. Se tivesse, perderia porque a conta final não fecharia.

Ou seja, essa combinação é politicamente desastrosa, economicamente ruinosa e financeiramente inviável.

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