Mandado publica Cadernos pela Democracia nº 9: uma coletânea de textos sobre Lula

01/01/2018 | Política

cartilha_lula.pngPara Lula, com carinho

Comecei a minha militância política no movimento estudantil, na década de 1980, no Triângulo Mineiro. Naquela época, Luiz Inácio Lula da Silva já tinha despontado como principal liderança do sindicalismo brasileiro. Um torneiro mecânico que ousou mobilizar as trabalhadoras e os trabalhadores metalúrgicos do ABC paulista em históricas greves contra o patronato e contra a ditadura militar. E que por isso foi preso e perseguido.

Em 1979, Lula começou a articular a criação do Partido dos Trabalhadores, que seria registrado em 10 de fevereiro do ano seguinte, reunindo militantes de esquerda, intelectuais e artistas. Fiz parte dessa história e ajudei a fundar o PT na minha região.

Em 1983, mudei para Belo Horizonte, onde passei a participar do movimento sindical na capital mineira, emergindo como uma das lideranças das greves da categoria bancária. Cheguei a presidência do Sindicato dos Bancários, cargo que exerci por dois mandatos, entre 1990 e 1995. Uma trajetória que se espelhou diversas vezes na figura de Lula, nossa maior referência, e que me levou a ser eleita vereadora e prefeita de Contagem por duas vezes, e deputada estadual por dois mandatos, um deles sendo exercido atualmente na Assembleia Legislativa.

Algumas vezes tive a oportunidade de estar com ele em eventos partidários ou do movimento social. E depois durante os meus mandatos na Prefeitura, que em parte coincidiram com a sua permanência na presidência da República. Sempre fiquei impressionada com seu carisma e com sua simplicidade. Com a sua capacidade de emocionar, com a sua sabedoria que nenhum diploma pode dar, pois foi construída com vivências profundas de quem foi de retirante nordestino a presidente brasileiro por oito anos, reconhecido e admirado em todo o mundo.

Lula, é mesmo o cara. É incrível a sua empatia com o povo. Sua capacidade de entender e falar a linguagem do povo. E quando se pergunta qual o segredo da profunda identificação que ele tem e mantém, especialmente com os mais pobres, a resposta é simples. Lula não esqueceu suas origens. E seu discurso é verdadeiro.

Se um outro político falar de fome, pode soar demagógico. Lula não. Quando ele fala, dá testemunho de vida. Ao falar de marmita com ovo frito, não está contando uma história qualquer, está relembrando a sua própria caminhada, seus tempos de peão no chão da fábrica. Eis a diferença.

Assim como Lula, descobri que o lugar de quem faz política é ao lado das pessoas. Nas ruas, nas praças. Olho no olho. Quando o vi na recente caravana pelo Nordeste, sem se deixar abalar pelas intempéries, senti uma alegria e uma energia que me revigoram. E que dão sentido ao que faço, pois mais uma vez vejo que a escolha está correta. E que não há o que se temer pois a luta é justa e perseverar é necessário em tempos sombrios.

Lula segue em frente sendo o que sempre foi: símbolo da capacidade que tem o brasileiro de se reinventar e de se reerguer diante das adversidades. Os que hoje o perseguem, esses passarão. Lula seguirá, por décadas, como um personagem ímpar, um líder que mudou para melhor o Brasil, e sobretudo, como um dos políticos mais respeitados e queridos por nossa gente, que deposita nele enormes esperanças.

Fica portanto registrada essa homenagem a Lula, feita em forma de coletânea de textos. Singela, mas de coração. Um modo de agradecer por tudo que ele representa em minha vida e na de milhões de brasileiros e brasileiras.

Boa leitura.

Deputada Marília Campos

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