Marília Campos é a deputada mais votada da história de Contagem e a primeira a ser eleita com os votos da cidade

02/07/2015 | Documentos do mandato

Publicado no Blog do José Prata 

21/11/2014

Marília Campos foi eleita com 78.801 votos, sendo que 78%, ou 61.224 votos, foram conseguidos em Contagem. Foi uma votação um pouco acima do planejado pela coordenação de campanha, que colocou como meta 70.000 votos, sendo 50.000 em Contagem e 20.000 nas outras cidades. O resultado final foi  acima do planejado para Contagem e ligeiramente abaixo nas demais cidades. Marília vem quebrando diversos paradigmas na política de Contagem. Foi a primeira administração de esquerda na história da cidade, como coroação de uma luta de mais de 50 anos empreendida pela esquerda mineira para conquistar “a cidade operária” de Minas Gerais. Foi a primeira mulher a ocupar a Prefeitura em 100 anos. Foi a primeira prefeita(o) a ser reeleita(a) para mandato consecutivo em períodos democráticos. E, agora em 2014, quebrou novos paradigmas ao ser eleita a deputada estadual mais votada da história da cidade e a primeira deputada(o) a ser eleita(a) com os votos da cidade. Veja a seguir o mapa eleitoral de Marília em Contagem e nas demais cidades do Estado.

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Pesquisamos todas as eleições parlamentares que estão no site do Tribunal Superior Eleitoral nos últimos 20 anos. São seis eleições no período. Os dados demonstram que no caso de Contagem, Marília, com 61.224 votos, é a deputada estadual mais votada da história da cidade. Ela é também a deputada que obteve a maior votação histórica também em termos percentuais, ou 20,64% dos votos válidos. A petista é também a primeira mulher eleita na história da cidade com os votos somente dos eleitores contagenses. A coligação de que Marília participou, formada pelo PT, PMDB, PRB, PROS, teve como a linha de corte do deputado menos votado o total de 43.301 votos. Como a petista teve em Contagem 61.224 votos, ela foi eleita pelo eleitorado de Contagem com uma sobra de 18.000 mil votos. Como a candidata obteve fora de Contagem outros 17.577 votos, ela obteve uma votação global de 78.801 votos de eleitores de centenas de cidades. Estes resultados são muito expressivos, considerando que em grandes cidades o voto é muito disputado e muito disperso. Marília e seus apoiadores enfrentaram um desafio político gigantesco de quebrar paradigmas e foram vitoriosos.

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A tabela anterior mostra o peso político da vitória da deputada Marília Campos e da sua votação em Contagem. São dados dos oito maiores municípios de Minas Gerais, o que chamamos de G-8, que possuem mais de 200 mil eleitores e que têm segundo turno nas eleições para prefeito. São eles: Belo Horizonte, Uberlândia, Contagem, Juiz de Fora, Betim, Montes Claros, Uberaba, Governador Valadares. Marília, com 61.224 votos em Contagem, é a deputada mais votada dentre os deputados majoritários do G-8. Em termos de proporção de votos, ela é a segunda colocada e só perde para o deputado majoritário de Governador Valadares. Do PT, no G-8, só são majoritários Marília Campos, em Contagem, e Paulo Guedes, em Montes Claros. Um exemplo da dispersão do voto na região metropolitana é Belo Horizonte, onde o deputado majoritário, Mario Henrique Caixa, um locutor de futebol muito conhecido, teve 46.424 votos, ou 3,74% do total. Este dado mostra que a votação de Marília, com 20,64% dos votos válidos, em Contagem foi surpreendente.

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Marília Campos, tendo Contagem como principal fortaleza  político-eleitoral, se consolidou também como a deputada petista e de esquerda mais votada da estratégica região Metropolitana da Grande Belo Horizonte. Ela teve na região (ou messoregião, como os técnicos a chama), 76.640 votos, o que significa 97% de sua votação no Estado. A petista ocupa a segunda colocação entre os deputados(as) mais votados da Grande Belo Horizonte, ficando atrás apenas do deputado Mário Henrique Caixa. O que impressiona é o sofrível resultado do PT. Dentre os quinze deputados mais votados da Grande Belo Horizonte, somente Marília Campos é do PT. Um desempenho inexplicável e inaceitável para um partido que sempre teve grande influência e as principais prefeituras da região metropolitana. Essa situação precisa ser revertida pelos petistas. O PT não pode jogar a toalha na disputa proporcional nem majoritária das cidades metropolitanas.

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Marília Campos foi eleita deputada estadual como a terceira mais votada da bancada de 10 deputados do PT, com o total de 78.801 votos. Ficou atrás apenas dos petistas Paulo Guedes e Elismar Prado. A petista foi a quarta colocada na coligação formada pelo PT-PMDB-PRB, PROS, ficando atrás apenas dos dois petistas citados e do peemedebista João Magalhães. A viabilidade política de Marília sempre foi questionada nos meios políticos de Contagem e do Estado por ser muito concentrada somente em Contagem e por não ter se expandido, de forma consistente, para outras cidades. Enfrentamos enormes desafios e vencemos. Contamos, em primeiro lugar, com o riquíssimo legado de Marília, como uma das maiores sindicalistas de Minas, com mandatos de vereadora e deputada, que ousaram devolver privilégios, que recusaram o assistencialismo e que fizeram política permanente e não somente em época de eleição; e contamos, sobretudo, com o legado de prefeita de Contagem, por dois mandatos, com enorme apoio popular. E fizemos uma campanha belíssima. No processo de pré-campanha, Marília realizou reuniões com centenas de apoiadores. Tivemos uma enorme militância voluntária, que estimamos em 10.000 pessoas, sendo 4.500 estavam cadastradas, combinada com um pequeno núcleo profissionalizado.

Politizamos a campanha com uma plataforma, amplamente divulgada através de jornais impressos. Tivemos um visual de campanha irretocável e vibrante, tendo o rosa Pink como destaque. Fizemos uma campanha no estilo petista: com mini-carreatas diárias lideradas pela Marília, com música, adesivos e bandeirinhas; colocamos os carros de som nas ruas, que tocavam um jingle, que virou um sucesso em Contagem, que popularizou o número da candidatura: “13900, voto Marília!” e que associou claramente Marília ao nosso Partido: “Viva a alegria e a esperança com Marília do PT”; investimos em materiais visuais, com banners, placas; distribuimos milhões de folhetos nas caixinhas de correio; e investimos nas mídias sociais, como o Facebook. E Marília, mais uma vez, foi apoiada por um exército de crianças, que sempre aderem em massa à sua campanha, e ficam loucas pelos materiais de campanha, como bandeirinhas e adesivos e, neste ano, decoraram e cantaram o jingle de campanha. Marília e seus apoiadores lideraram na cidade o apoio às candidaturas de Pimentel e de Dilma, nos carros de som, nos materiais impressos e no facebook.

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Marília Campos foi votada em 379 cidades mineiras. Como já ressaltamos tratou-se de uma votação extremamente concentrada em Contagem, com 78% do total de votos. Considerando a distribuição regional dos votos, 97% foram conseguidos na região da Grande Belo Horizonte. Se por um lado a petista deixou a Prefeitura de Contagem com grande apoio popular, de outro lado, as enormes tarefas como prefeita inviabilizaram que a petista fizesse política em um grande número de municípios. Para que se tenha uma idéia das dificuldades da petista, agora como candidata a deputada estadual, basta dizer que ela foi apoiada no Estado por apenas dois vereadores, que são de Contagem – Rodinei Ferreira e José Antônio.

Diante das dificuldades, decidimos centrar a campanha em apenas seis municípios: em Contagem, e nos cinco que fazem divisa com a cidade – Belo Horizonte, Ribeirão das Neves, Esmeraldas, Betim e Ibirité. E fizemos, o que chamamos de “expansão de fronteiras”, tendo como base a cidade de Contagem. Ou seja, concentramos a campanha em poucos municípios e, de forma seletiva, nos bairros e regiões mais próximos de Contagem. Foram destas regiões e bairros nos municípios limítrofes de Contagem que vieram a maioria dos votos. Em Belo Horizonte, os votos de Marília se concentraram no Barreiro (1.718 votos); na região Noroeste (1.598 votos); região Oeste (1.414 votos); Região Pampulha (831 votos); e, fora dos limites de Contagem, se destacou a região Centro-Sul (979 votos). Em Ribeirão das Neves, a melhor votação de Marília foi o bairro Rosimeire (295 votos). Em Esmeraldas, Marília teve mais votos no Monte Senai (342 votos), Recreio (316 votos), Serra Verde (122 votos), Novo Retiro (110 votos) e Centro (122 votos). E, em Betim, as maiores votações de Marília foram: a) 1.190 votos na região Imbiruçu, com as seguintes votações nos bairros: Imbiruçu (183), Vila Cristina (154), São Caetano (136), Universal (134), Industrial São Luiz (134), Granja Verde (132), Laranjeiras (106); b) na região do Icaivera, onde a petista obteve 480 votos.

Veja anexo, em PDF, a votação de Marília Campos nas 379 cidades mineiras. São duas tabelas, uma ordenada pela quantidade de votos recebidos pela candidata e outra com a votação  por cidades por ordem alfabética, o que facilita a consulta dos votos em uma ou mais cidades.

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Marília Campos foi eleita deputada estadual se tornou majoritária em quatro  das cinco zonas eleitorais de Contagem. A petista tem uma base social que a distingue no PT e na esquerda: ela é fortemente apoiada em regiões da periferia mais pobre – como é o caso de Nova Contagem – mas é também a mais votada na classe média das regiões Sede, Eldorado, Riacho e Petrolândia, bem como nos bairros populares destas regiões mais ricas. A grande fortaleza de Marília é a zona 90 - regiões de Nova Contagem, Petrolândia, Sede e parte do Eldorado (Parque S. João), onde a petista teve 26.802 votos, ou 33,51% do total. O segundo melhor desempenho é na Zona 92 - regiões do Eldorado e Água Branca -, onde a petista obteve 15.096 votos, ou 24,12% do total. Outro destaque é a Zona 93 - região do Riacho e parte da Sede (Bela Vista, Bernardo Monteiro e Fonte Grande) -, onde a petista obteve 9.115 votos, o que dá 20,68% dos votos. Ainda que com uma votação menor, a petista se tornou majoritária também na Zona 313 – regiões Ressaca e Nacional -, com 5.888 votos, 9,29% do total. E na Zona 91- região Industrial e parte do Riacho (Jardim Riacho) -, Marília foi a segunda deputada mais votada, com 4.323 votos, o que significou 9,26% dos votos.

Votações de Marília nas regiões e bairros de Contagem

Para que se tenha um diagnóstico mais afinado da votação de Marília Campos em Contagem, divulgamos a seguir duas tabelas com  a votação da petista por regiões administrativas, tal como as conhecemos em Contagem, e por bairros, lembrando que neste caso que muitos bairros, sobretudo aqueles menores, os eleitores votam em bairros vizinhos com mais eleitores. Não temos ainda a votação percentual em cada região e bairro, o que está sendo feito pela equipe da deputada petista e será divulgado mais à frente. O levantamento percentual é importante porque vai mostrar, por exemplo, que a região de Nova Contagem é segunda em número de votos de Marília, mas é disparada a com maior percentual dos votos válidos. Os dados vão mostrar também que na Zona 92, na região do Eldorado, Marília teve um percentual muito superior ao que conseguiu na região do Água Branca.

Mas fica claro em termos regionais, como já analisamos em relação às zonas eleitorais, que as regiões mais importantes para a votação de Marília, foram Nova Contagem, Sede, Petrolândia, Eldorado e Riacho, que lideram não somente a votação nominal, mas que nossos estudos vão, com certeza, confirmar também os melhores desempenhos em termos percentuais. Os desempenhos são menos favoráveis, ainda que muito significativos, nas regiões Industrial, Ressaca, Nacional e Água Branca. A análise por bairros acompanha também o desempenho regional, com o desempenho melhor nas regiões onde a petista foi mais bem votada.

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Marília foi mais votada onde Pimentel e Dilma foram bem votados

O coletivo que sempre esteve vinculado à Marília Campos nunca viu as eleições proporcionais com um fim em si mesmo, em todas as eleições proporcionais em que participou sempre se associou claramente aos grandes projetos majoritários em disputa, para a Prefeitura de Contagem, governo de Minas e presidência da República. Desta vez não foi diferente: nossa campanha liderou na cidade as campanhas de Pimentel e Dilma. Podemos dizer que em Contagem, de uma forma geral, Marília foi mais votada onde Pimentel e Dilma recolheram também os seus melhores resultados. Fernando Pimentel venceu as eleições em Contagem com larga margem de votos, tendo obtido 177.873 votos (59.98%) contra 96.418 votos para Pimenta da Veiga (32,51% do total). Quem puxou a votação do petista foram exatamente as zonas eleitorais onde Marília é mais forte, como nos casos das zonas 90, 92 e 93.Contagem foi a terceira maior votação de Pimentel dentre os oito maiores municípios de Minas Gerais – G-8, ficando atrás apenas de Montes Claros e Betim. Já a votação de Dilma ficou abaixo do desejado. Ela obteve em Contagem, 163.197 votos (48,02%) contra 176.648 votos de Aécio (51,98% do total). O destaque de Dilma em Contagem foi exatamente a zona eleitoral 90, com 57,89% dos votos, que é a região onde Marília é mais votada.

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Consolidar Marília como liderança de esquerda metropolitana

Muitas pessoas nos meios políticos de Contagem e do Estado duvidaram que Marília pudesse ter uma grande votação para deputada estadual devido à enorme concentração de sua base social em Contagem e nas cidades vizinhas. Vencemos este desafio e fizemos da petista uma das deputadas mais votadas de Minas Gerais. Mas são enormes, de fato, os desafios para Marília consolidar e ampliar sua base social na região metropolitana. Nossa região, assim como outras regiões metropolitanas do país, são verdadeiros “cemitérios de lideres políticos”. Poucos vencem eleições com votos metropolitanos e quase ninguém sobrevive politicamente. Nestes casos ou ampliam a base político-social para o interior dos Estados ou perdem as eleições ou reduzem fortemente as votações nas eleições seguintes.

Podemos dividir, de forma ampla, os mandatos parlamentares em dois tipos: o primeiro, e mais comum, é o do parlamentar, que além de funções tradicionais como discutir e aprovar leis, se assume como uma espécie de “braço do Poder Executivo no Legislativo”, liderando investimentos, obras e serviços com recursos de emendas parlamentares, convênios  e através de articulações com prefeitos, governadores e presidência da República. Um segundo caso é o do parlamentar, sobretudo de grandes centros urbanos, onde os mecanismos de representação que listamos anteriormente no primeiro caso são pouco eficazes, se fixa mais numa “representação baseada na mobilização social e na representação de opinião”, além da discussão e aprovação de leis. Muitas pessoas de esquerda afirmam que o chamado parlamentar que tem sua base no “voto de opinião” desapareceu do cenário político das grandes cidades. Não pensamos assim. Vejamos o exemplo do Rio de Janeiro, onde os parlamentares do PSOL, Marcelo Freixo, Jean Wyllys, e Chico Alencar estão mais vinculados à representação de opinião e à mobilização popular. O que está acontecendo na verdade é o enfraquecimento do voto de opinião de esquerda e o fortalecimento do voto de opinião conservador. Os grandes centros urbanos estão sendo tomados pela representação religiosa e pelo populismo de direita de variadas matizes, vinculadas a apresentadores de rádio e TV, cantores, policiais, artistas, desportistas, etc.

Marília Campos deve, em minha opinião, se vincular à representação de opinião / mobilização social. Para isso terá que se vincular, em primeiro lugar, a uma agenda política ligada a grandes temas candentes nos meios urbanos, como a luta contra a discriminação e pelas políticas de igualdade; à democratização da vida social e à participação popular; à defesa da melhoria do nosso sistema político, sobretudo nas questões concretas reclamadas, com justas razões, pela população; e pela humanização das cidades, com um enfoque amplo em diversas políticas que melhoram a qualidade de vida da população, como o transporte coletivo, requalificação dos espaços públicos, a questão da água, a melhoria dos serviços públicos, etc. E terá, em segundo lugar, uma ousada política organizativa, baseada na construção de uma base social militante; no estímulo à formação política; na aproximação orgânica com a intelectualidade e os movimentos sociais; na partidarização do mandato e na defesa de uma profunda renovação do PT; na organização das lutas pelas demandas da sociedade; e numa ativíssima comunicação. 

Claro que é um enorme desafio consolidar uma representação de esquerda com estas características nas grandes cidades, como no caso da região metropolitana. Marília, além de responder a estes enormes desafios, terá ainda que realizar uma transição de um legado de gestora, que não pretende mais reassumir, para uma parlamentar ativa para representar, sobretudo, os cidadãos e cidadãs muito exigentes que vivem na região metropolitana. Mas este desafio pode ser vencido com politização, rebeldia, força e criatividade. Marília já quebrou diversos paradigmas políticos em Contagem e em Minas como mostramos neste documento e o desafio de se constituir como uma liderança ativa da esquerda. A petista teve 97% de sua votação na Grande Belo Horizonte e é incontornável que ela atenda às expectativas de seus eleitores, sem fugir à luta. Ela não pode jogar a toalha na região metropolitana, como, infelizmente, fez o PT.

Sempre vencemos os desafios, quebramos paradigmas e conquistamos enormes vitórias com uma reflexão simples, mas radical: não podemos adaptar a realidade da sociedade aos nossos desejos; nós é que nos adaptar radicalmente às exigências da realidade para transformá-la. Faremos o que for necessário, dentro dos princípios da esquerda, para vencer o enorme desafio de construir um mandato parlamentar de esquerda, vigoroso e ousado na Grande Belo Horizonte. Um mandato democrático e popular que contribua com as transformações que serão iniciadas com Fernando Pimentel em Minas Gerais e que estão em curso no Brasil com os governos Lula e Dilma.

Observação: na coleta de dados sobre a votação de Marília Campos contei com o apoio do sociólogo Ivanir Corgosinho.