Recessão mineira: Economia de Minas Gerais desaba 4,1% no primeiro semestre e é o dobro da média nacional de 2,1%

11/09/2015 | Economia

Nos últimos anos, os dados têm mostrado que, quando o Brasil cresce, em geral resultado da valorização das chamadas commodities, Minas Gerais cresce acima da média nacional, e quando o Brasil entra em recessão, a recessão é maior em nosso Estado. Os dados do primeiro semestre de 2015 confirmam esta tendência: O Brasil recuou 2,1% e Minas Gerais recuou quase o dobro: 4,1% no semestre. Veja a seguir, os dados preliminares da Fundação João Pinheiro, publicado em seu site, do segundo trimestre e o acumulado do primeiro semestre. 

“O Produto Interno Bruto (PIB) mineiro recuou 1,5% no segundo trimestre de 2015, pouco menos que o PIB nacional, que apresentou retração de 1,9%. Os dados são parte do Boletim Informativo CEI - Produto Interno Bruto - 2º trimestre/2015, publicado pela Fundação João Pinheiro (FJP).

De acordo com o coordenador do Sistema de Contas Regionais da Fundação João Pinheiro, Raimundo Leal, um conjunto de fatores vem afetando negativamente as economias mineira e brasileira, e o quadro de ajuste fiscal e monetário em curso vem contribuindo para o arrefecimento dos indicadores de confiança dos empresários e dos consumidores. “A elevação da taxa de juros entre abril de 2013 e abril de 2014 afetou o ritmo de crescimento da atividade econômica. Essa recessão, iniciada no segundo trimestre de 2014, foi agravada por um segundo ciclo de elevação da taxa de juros iniciado em outubro do ano passado. Em 2015, o programa de ajuste fiscal conduzido pelo Ministério da Fazenda causou um corte de despesas que contribuiu, junto com o efeito dos juros, para o aprofundamento da recessão”, explicou.

No entanto, a despeito desse cenário restritivo, no 2º trimestre de 2015 o volume de valor adicionado pelo setor agropecuário mineiro cresceu 3,4% em comparação com o trimestre imediatamente anterior. A performance da cafeicultura mineira, sobretudo na região da Zona da Mata, foi determinante para o resultado positivo do setor. “A previsão de safra para a cafeicultura é positiva no Estado, de 3,3%, enquanto em âmbito nacional é de -2,2%”, observou um dos coordenadores da pesquisa da FJP, Thiago Almeida.

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A indústria foi a atividade mais afetada pelo cenário desfavorável da economia. Em Minas Gerais, o setor recuou 3,0% no 2° trimestre em relação ao 1° trimestre do ano, com quedas significativas no volume de valor adicionado pela indústria de transformação (4,5%) e pela construção civil (5,1%). Segundo o coordenador das Contas Trimestrais da FJP, Glauber Silveira, a indústria de extração mineral teve papel fundamental para que o resultado do setor não fosse ainda mais negativo. “A indústria extrativa mineral tem obtido resultados positivos em função da taxa de câmbio, o que favorece as exportações, e também devido à manutenção da demanda por minério”, afirmou.

Os segmentos de produção e distribuição de energia e saneamento também continuam sofrendo com o baixo nível de água nos reservatórios, o que afeta a geração por meio das hidrelétricas. Com isso, a produção e distribuição de eletricidade e gás, água, esgoto e limpeza urbana em Minas Gerais recuou 4,4% no 2° trimestre de 2015 em relação ao trimestre imediatamente anterior.

No setor de serviços, a redução do nível de atividade econômica foi mais moderada, com queda de 1,3% em Minas Gerais. “Mesmo assim, dentro do setor, chama atenção a considerável redução ocorrida nas margens de comércio e de transporte”, observou o pesquisador da equipe de Contas Trimestrais, Caio Gonçalves.

Cenário agregado do primeiro semestre

Quando a ótica de comparação do comportamento da economia tem como referências o primeiro semestre de 2015 e o primeiro semestre de 2014, torna-se possível delinear com mais clareza o resultado agregado.

“No primeiro semestre de 2015 o PIB de Minas Gerais recuou 4,1%. A retração foi resultado de uma queda de 7,9% na indústria e de uma variação negativa de 2,4% nos serviços. No setor agropecuário, houve estabilidade no volume de valor adicionado, com variação de 0,1%”, explicou Raimundo Leal. “No Brasil, o PIB encolheu 2,1% nos primeiros seis meses do ano, uma vez que a expansão de 3,0% na atividade agropecuária foi mais do que suplantada pelas retrações de 4,1% no setor industrial e de 1,3% no setor de serviços”, completou.